Desde o último sábado, 08, a imprensa está se contorcendo para entender o que acontece na cabeça de Don Nguyen, o criador de Flappy Bird. O vietnamita, responsável por um dos maiores fenômenos do mundo mobile, decidiu, repentinamente, deletar seu game das lojas.
Segundo o The Verge, o jogo já havia ultrapassado a impressionante marca dos 50 milhões de downloads e estava gerando aproximadamente US$ 50 mil por dia, apenas com publicidade. Nas redes sociais milhões falavam sobre o game, como ele era viciante, divertido e irritante, enquanto outros o acusavam de plágio e a imprensa queria o tempo todo entrevistar Nguyen. Resumindo: muito lucro, muita fama e muita pressão.
Isso tudo levou o desenvolvedor vietnamita a explodir seu pote de ouro chamado Flappy Bird. Em seu Twitter, Nguyen disse que não fazendo isso por questões legais, não venderia o título, e ainda continuaria a desenvolver jogos. Ele só não aguentava mais tudo aquilo, como podemos ver no tuíte abaixo:
I am sorry ‘Flappy Bird’ users, 22 hours from now, I will take ‘Flappy Bird’ down. I cannot take this anymore.
— Dong Nguyen (@dongatory) February 8, 2014
Essa não é a primeira vez que algo do tipo acontece. Phil Fish, criador do bem sucedido Fez, passou por uma história semelhante. Conhecido pelo seu comportamento temperamental, era comum ver o desenvolvedor xingando seguidores no Twitter. Apesar disso seu projeto foi um sucesso e ele estrelou o documentário Indie Game: The Movie, que explora bem sua personalidade sentimental.
Fish começou a trabalhar na sequência Fez 2, mas agora era muito mais famoso e, consequentemente, a pressão era ainda maior. O resultado? Simplesmente não aguentou e cancelou o projeto que lhe ocupara tanto tempo… simplesmente por não conseguir lidar com as críticas.
Acredito que ambos os casos trazem valiosas lições para qualquer um que queira empreender em qualquer área. Esteja sempre preparado para a pressão e para o possível sucesso repentino. Felizmente, normalmente, há um longo caminho que faz as pessoas evoluírem muito antes de chegarem ao sucesso — o empreendedor há de aprender e criar condições para lidar com a pressão.
Mas, no mundo tecnológico, há sempre exceções. Você pode fazer sucesso do dia para a noite. Se por acaso você se tornasse um Zuckerberg amanhã, estaria preparado para segurar a barra? Ou mandaria tudo para os ares, como fez o criador de Flappy Bird? É uma questão para se pensar e se ocupar, afinal de contas, a possibilidade é pequena, mas existe.
12 comments
excessões = exceções :)
Gostei do texto, Kaluan. Também escrevi sobre o assunto outro dia: "Você tem medo do crescimento da sua empresa?" > http://goo.gl/zSIj43
Opa, foi um lapso total! Muito obrigado pela observação :)
Opa, muito obrigado!
Há um outro aspecto muito importante, e muito mais direto em relação com o modo que cada um de nós age online: o cyberbullying.
A tal "trollagem", ou "zoeira", tem prejudicado muitos bons projetos e carreiras promissoras.
Estes dois desenvolvedores não abandonaram seus projetos por causa da fama, abandonaram por causa do bullying que veio com o sucesso. Em fóruns e redes sociais as pessoas passam da conta da famosa "crítica construtiva" e partem para o pessoal, muitas vezes gerando depressão e frustração, é comum as agressões atingirem inclusive a família do "alvo".
Como temos nos comportado online? Como temos criticado as atitudes que discordamos? Temos respeitado a integridade e o caráter das pessoas com quem interagimos? Essas são perguntas que temos que nos fazer constantemente.
Concordo Marco Gomes! Mas a pessoa também não deveria saber tirar tudo isso de letra? E essas crianças de hoje? Não podem levar uma "trollagem" como você mesmo diz e já vira bullying, tudo é politicamente incorreto nos dias de hoje. Será que amanhã, essas crianças vão dar conta do recado ou vão precisar viver isoladas? Estamos falando aqui de brincadeiras, apelidos e coisas que sempre existiram. Não estou defendendo a humilhação ou brincadeiras que agridam psicologicamente ou fisicamente uma criança.
Já disseram que iam aparecer na porta do meu escritório e atirar em mim e em todos os meus funcionários. Agora você me diz se isso é crítica construtiva, trollagem ou crime.
Já disseram muitas outras coisas deste nível pra mim, você releva uma vez, duas, mas depois de semanas ou anos lendo este ódio, alguns se cansam, outros se motivam ainda mais.
Concordo com o Marco Gomes. This sucks big time. A solução está ao nosso alcance, porém: alguém criar um algoritmo anti-trollagem em fóruns que, além do básico de aceitar contribuições de voluntários "do bem", também consiga aprender sozinho a detectar sinais de trolls (via sentimental mining + testes comportamentais no cadastro + acompanhamento do histórico do poster). Eu chamaria de TROLL-HUNTERZ =)
Crianças, adolescentes e adultos de todo mundo que querem compartilhar e aprender com a Net (e não sentirem repulsa por ele) iriam agradecer por um sistema desses ;-)
[HUMOR]
Claro, o sistema poderia fazer mais coisas como tentar descobrir padrões de escrita/comportamento, guardar IPs, dar respostas engraçadas-educativas para os trolls pensarem na merda que estão fazendo com a saúde mental das vítimas, passar dicas de como criticar construtivamente, com ironia, sarcasmo, finesse. E sempre com exemplos de pessoas famosas: trolls geralmente aprendem a serem trolls imitando outros trolls. Vamos dar modelos mais positivos para eles, mas sempre com humor. E para os casos "doentios"? Bem, depois do submit, o troll geralmente sai correndo para ver como ficou "a obra" dele. O sistema detectando que seja um troll do tipo persistente (não desiste nunca), ele enxergaria uma tela falsa, dinâmica, COM TODOS OS POSTS TROLLANDO ELE EM BIG STYLE. Ou simplesmente redirecionaria ele para o vídeo em que Jay and Silent Bob enchem de porrada os trolls da Internet, Jersey style =)
Caro Marco, isso que se refere não tem nada a ver com trollagem ou bulying, tem outro nome… É crime! Esse ódio tem mais a ver com inveja e pessoas frustradas que só conseguem algo com esses tipos de ameaças.
Não adiantar querer "maquear" a realidade amigo… Se quer viver fora da realidade vai jogar video-game (Isso não é bullying).
Relax, minha mensagem obviamente não era para você (a non-believer in innovation — and this is also not a bullying), assim como a sua não é para mim (video-game naum, realidade virtual please) ;-)
Pessoas são diferentes e tem valores diferentes, de repente o cara só queria continuar a vida tranquila dele. Só acho que o erro comum está em se envolver diretamente com qualquer um, em ambientes sem controle.
É como um MMO, você não sai explorando áreas desconhecidas sem preparo prévio.
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